«Se a biblioteca é, como pretende Borges, um modelo do Universo, tentemos transformá-la num universo à medida do homem (…)»
Umberto Eco
A primeira tarefa realizada no âmbito da presente formação foi bastante profícua, apesar de alguns constrangimentos inerentes. O carácter bastante prático, a ligação do exercício à realidade de cada escola, a dimensão reflexiva, retrospectiva e prospectiva constituem-se como elementos bastante positivos da tarefa. As questões do tempo, a diversidade e multiplicidade das leituras, ainda que muito úteis, e as dificuldades de selecção inerentes aos dois primeiros factores são aspectos que, porventura, condicionaram a qualidade do trabalho.
Construir uma tabela de análise da situação das bibliotecas escolares a partir da perspectiva SWOT, apoiada em bibliografia específica, foi um exercício pertinente e necessário: foi “juntar o útil ao agradável”. Em resposta à proposta de trabalho da sessão, construiu-se um documento que, depois de revisto e reflectido em contexto escolar, poderá ser aproveitado para a elaboração do diagnóstico da BE no processo de auto-avaliação da BE deste ano: os dados apresentados fundam-se na realidade da BE e encontram sustentabilidade na bibliografia lida, nomeadamente, no que diz respeito à importância da BE como espaço formativo, cuja acção é orientada para o sucesso educativo, para a melhoria da qualidade das aprendizagens e a construção do conhecimento.
A reflexão decorrente da leitura da bibliografia recomendada apontou vários caminhos para um melhor desempenho da função de professor bibliotecário. A partir dela é possível traçar um plano de acção de uma forma mais estruturada e segura, sabendo que “espaço de conhecimento, e não espaço de informação; de ligações e não de colecções; de acções, e não de posições; de prova e não defesa”; a partir dela foi possível analisar com detalhe a situação da BE, reconhecer os seus pontos fortes, os pontos fracos, as oportunidades e as ameaças; mas, sobretudo, a partir dela, é possível perspectivar o futuro próximo, reconhecer as acções prioritárias.
O ensinamento mais profundo que esta reflexão provocou foi o da necessidade de mudança em relação às práticas avaliativas da BE. Esta mudança passa, em primeiro lugar, por uma maior consciencialização do professor bibliotecário da necessidade da sua implementação; ele é também o responsável pela generalização dessa posição à equipa, à Direcção Executiva, ao Conselho Pedagógico, …a toda a comunidade escolar. Mudar as práticas de avaliação da BE é um contributo para a mudança da avaliação da escola e para a mudança da cultura da avaliação.
Em termos de constrangimentos, houve, realmente, alguma dificuldade em gerir o tempo, principalmente, porque a esta tarefa se juntaram todas as outras habituais, se bem que, neste caso, houve a oportunidade de, como já se afirmou anteriormente, usar esta tarefa para “arrumar algumas ideias” e agilizar o diagnóstico da BE, trabalho que facilitou a elaboração do Plano de Acção e do Plano Anual de Actividades da BE. As propostas de leitura eram, de facto, vastas e, no momento, existe ainda a dificuldade em seleccionar informação (considerando a relação tempo/tarefa), daí que nalguns casos, se tenha procedido a uma leitura diagonal. As perspectivas que sustentaram a análise apresentada foram, sobretudo, as de Nancy Sánchez Tarragó e de Ross Todd.
Em síntese, neste ritual iniciático em auto-avaliação das BEs, estão identificados os seus membros, os seus princípios, alguns dos seus constrangimentos, e a postura de rigor, de liderança e de comunicação que é exigida a quem tem a responsabilidade de conduzir tal processo.
Clementina Moreira dos santos
Novembro 2009